Função Executiva do Cérebro

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Inauguramos novos tempos. Nossas habilidades cognitivas, emocionais e comportamentais nos propõem um grande desafio: nos fazer agir de forma criativa diante das novas e surpreendentes demandas da atualidade.

Estudos e pesquisas científicas em várias parte do mundo, sobre o cérebro em desenvolvimento, demonstram que nas experiências da primeira infância são construídas bases fundamentais das nossas habilidades.

A função executiva do cérebro, por exemplo, um conceito neuropsicológico, não se refere a habilidades inatas, mas um potencial com o qual nascemos e desenvolvemos, principalmente, ao longo da infância, mas, que também se estende pela adolescência e vida adulta, de acordo com as interações e experiências em que estamos imersos em nossa família, escola ou comunidade.

Assim, como ao ligarmos o nosso computador, não nos preocupamos com as ações e operações subjacentes que preparam o nosso equipamento para responder aos nossos objetivos; no dia a dia, todos nós, crianças, adolescentes e adultos, nos envolvemos em inúmeras atividades, sem perceber que requisitamos do nosso cérebro a capacidade de discerni-las e responder da melhor forma.

A função executiva está entre os potenciais de alto-nível do cérebro humano.Corresponde ao conjunto de habilidades cognitivas que, de forma integrada, nos permitem gerenciar, regular e controlar nossos comportamentos, ações, pensamentos e emoções: planejamento e execução de atividades, raciocínio, pensamento lógico e estratégico, memória de trabalho, iniciação de tarefas e flexibilidade, tomada de decisão e resolução de problemas, atenção sustentada, controle e inibição de impulsos.

Um correto desenvolvimento desta função é fundamental, inclusive, para responder a situações que envolvem inconstância e imprevisibilidade.

Por outro lado, um baixo desenvolvimento da função executiva se expressará em dificuldades e distúrbios relacionados a atenção, memória, foco, tomada de decisão, percepção, orientação, persistência na busca por soluções, autocontrole, organização e planejamento.

Entretanto, o que garantirá o correto desenvolvimento destas habilidades? A resposta pode não ser tão simples, mas, certamente, não corresponde, exclusivamente, a quantidade de experiências vivenciadas e, sim, como demonstram as pesquisas, a qualidade das mesmas, nas diversas interações proporcionadas pela família, escola ou outras formas de mediação interpessoal, tecnológica, social ou cultural.

É importante que o indivíduo seja estimulado a vivenciar experiências de protagonismo, que possa dialogar, raciocinar e refletir sobre problemas, soluções e iniciativas a serem tomadas; perceber-se e perceber o outro através do autoconhecimento, trabalho em grupo e compartilhamento experiências; desenvolver a capacidade de realizar tarefas tanto de forma colaborativa, quanto autônoma e adaptar-se a mudanças propostas.

Ambientes seguros e éticos, que não estimulem o estresse, a ansiedade, a incerteza e o medo, por exemplo, são fundamentais; assim como o apoio de mediadores que estimulem ou criem oportunidades de desenvolvimento do sentimento de pertencimento e, não apenas inclusão, fazendo com que o indivíduo se perceba de forma positiva, o que o levará a optar por relacionamentos mais verdadeiros e modos de vida saudáveis.

Se desejamos a construção de uma sociedade mais justa e sustentável, formada por indivíduos críticos, conscientes e capazes de exercer lideranças positivas, não podemos agir de forma improvisada.

É importante transformar a janela de oportunidades aberta, principalmente na infância, mas que se estende pela adolescência e vida adulta, em ferramentas para a construção de uma sociedade que revele níveis crescentes de Conhecimento, Consciência, Desenvolvimento e prepare as gerações presentes e futuras para demandas que lhe são próprias.